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quarta-feira, 25 de março de 2015

Nipponflex e a Cama de Dinheiro!

Já pensou, comprar um colchão magnético com infravermelho (?!) e propriedades misteriosas como amenizar ressaca e curar dores (não importa onde!), dentre outros benefícios, que agora não me recordo. Parece bom? E se esse colchão custasse 10mil reais, ainda pareceria bom? E se ao comprar o colchão, você tivesse a chance de virar um vendedor de colchões NipponFlex e usufluir das gordas comissões de venda caso consiga 10 vendas para o vendedor autorizado que lhe vendeu seu colchão, agora parece mais interessante? Conheça os colchões NipponFlex!


Como eu conheci a NipponFlex

A vida é um negócio engraçado. Minha namorada na época estava muito interessada em palestras motivacionais, o chamado coaching, onde alguém te convence que os seus problemas são causados pela sua postura perante a vida e faz você acreditar que é o super-homem (ou a mulher-maravilha).
Nesse contexto, uma amiga dela a convidou para uma palestra sobre um "homem que conseguiu sair da extrema pobreza e se tornar um homem de sucesso". Sem mais detalhes.

Por tabela, eu fui, animado com a perspectiva de uma palestra inspiradora ou mesmo com dicas de negócio (e dar um apoio, claro). Chegando lá, um prédio bonito, com um salão cheio de cadeiras para receber os convidados; comecei a ficar desconfiado: por que estavam anotando quem veio à palestra assim como "quem chamou"? Quem chamasse mais gente ganhava algo?

Após bicar um café mediano no hall de entrada e sentar com a namorada, a amiga dela e a mãe da amiga dela nas cadeiras dispostas no salão, começava a palestra. Pessoas muito bem vestidas na bancada, terno sob medida, coisa fina.

O palestrante, um homem em seus 50 anos, simpático, começava a sua história. Ele se apresentou como o presidente da NipponFlex. Os primeiros 10 ou 15 minutos da palestra, tivemos esse senhor bem vestido falando o quanto era pobre em sua juventude. Todas as anedotas da pobreza foram contadas ali. Seu objetivo era criar empatia conosco. Após a história triste, o mesmo senhor fala que "tudo que ele precisava era de um bom produto" para subir na vida, para vender e crescer, e que os produtos NipponFlex eram esse produto.

Espetáculo

Nessa hora, começou a magia do cinema. Apresentação dos produtos, do quanto eles eram inovadores, quase mágicos, com falácias como "depois que fulaninho começou a usar nossos produtos, ficou curado de X, Y, Z", onde X, Y, Z é uma doença incurável. Uma hora, ele perguntou "quem está com dor aí, qualquer dor", e passou um paninho ultratecnológico que prometia curar essa dor (qualquer dor!!!). A plateia estava em extase! Eu estava puto. Havia sido levado a uma palestra para ser "clientizado" contra minha vontade.

E ele falava das patentes, e falava da origem do produto e começava a identificar vendedores de sucesso na plateia, e pedia depoimentos do vendedor obeso que, no lugar de fazer uma dieta, dormia no tal colchão e não sentia mais os efeitos nocivos de seu peso, do vendedor que costumava encher a cara de cachaça no fim de semana e não conseguia acordar bem 8-9h da manhã de segunda-feira e agora conseguia...

Como Ganhar (o seu!) Dinheiro

Nisso, começava a explicação do plano de negócios. Primeiramente, o palestrante explicava que o seu negócio não era um negócio pirâmide. Na sequência, eramos elucidades do porquê estavamos lá:

Cada pessoa que compra um produto da NipponFlex era convidado a trazer 10 amigos essas palestras que tem o objetivo de angariar novos clientes. A pessoa que traz os clientes, que eles sugerem que sejam amigos ou parentes, recebe uma porcentagem em cada venda, e se conseguir 10 vendas, ele pode começar a vender os produtos da NipponFlex. E não para por aí, a pessoa que indica o cliente participa do processo de apresentação e venda dos produtos com o pretexto de estar sendo "treinado" no processo. O motivo não é para pressionar o "possível cliente" psicologicamente, por conta do laço afetivo, não é...

Nesse momento, eu já queria me retirar da palestra. Aquela falácia já me afogava, mas meu sofrimento estava longe de seu fim. Foi nessa hora que começaram os depoimentos dos melhores vendedores. Um senhor baixinho, magro, com um terno feito sob medida e um relógio banhado a ouro (a ostentação deve ter sido proposital) ia ao microfone, falar o como foi seu começo, como precisou pedir dinheiro emprestado para comprar o seu primeiro produto NipponFlex para iniciar sua carreira como vendedor de colchões e acessórios. Veja a importância estratégica desta história, mostrar que o sacrifício para comprar um produto NipponFlex vale a pena, compensa...

Por coincidência, esse foi o vendedor que vendeu o colchão da amiga de minha namorada, o cara que viria, junto à amiga dela, convencê-la a comprar um colchão de 10 mil reais nos dias seguintes...

O ardiu que senti dele naquele dia foi grande. Em todo caso, findava a palestra. Infelizmente, a tortura não acabava ali. O vendedor agora ia conhecer as v... os clientes potenciais trazidos pelo cliente anterior.

...

O resto é história. Deixo esta postagem como um informativo para você que for convidado a conhecer o produto ou ir nessas palestras.

Chain Chronicle, Ren'Py e o Game Educativo


Esses dias, meu amigo Marco me indicou um jogo de celular chamado Chain Chronicle, um produto da SEGA extremamente viciante, no qual você ajuda uma equipe de bonquinhos a salvar o mundo da Black Army através de batalhas em tempo real em um mapa quadriculado muito maneiro.Você pode controlar suas tropas individualmente ou através de comandos de grupo, pode recrutar novos personagens e até fazer compras, na lojinha do jogo.
Chain Chronicle utiliza o mesmo modelo de negócio consagrado em jogos como Candy Crush, onde o jogo em si é gratuito, mas, você pode utilizar dinheiro real para avançar mais facilmente no jogo, ou mesmo conseguir cartas, chamadas arcana, para recrutar personagens mais fortes, com maior facilidade. Parece tratar-se de um modelo de negócios bem rentável.
Ao contrário de Candy Crush, contudo, Chain Chronicle é perfeitamente jogável e divertido, mesmo sem gastar um real. Mas qual o diferencial de CC (for short)?
Além de um conjunto enorme de personagens únicos e com histórias próprias, temos o fator sorte, muito presente em todo o jogo. Como é isso? Quase tudo que você faz no jogo envolve algum tipo de sorteio. Quando você contrata um personagem, você não sabe exatamente qual personagem você vai receber. Isso é gerado randômicamente para você. Quando você participa de uma quest, você pode receber baús de tesouro. Algumas quests exigem que você obtenha todos os baús para "fechá-la" e ganhar um prêmio maior. Isso também envolve sorte. Uma pessoa que deseja fechar uma quest específica pode precisar fazê-la várias vezes antes de fechá-la, ou pode precisar contratar uma infinidade de personagens até ganhar aquele que deseja. O apelo aqui é grande.

Game Educativo

Então, por que estou até aqui falando do Chain Chronicle? Porque é um ótimo jogo gratuito? Não. Por que ele possui uma série de características que o tornam apelativo e interessante. Se você deseja criar um jogo, analisá-lo pode ser um excelente ponto de partida.
Um amigo meu, o Gleidson, me falou esses dias que deseja criar um jogo educacional, estilo story telling ou life simulator. Indiquei para ele utilizar o ótimo Ren'Py, para conseguir colocar seu jogo rapidamente no ar. Após lhe falar isso, me ocorreu que muitos dos jogos educacionais não são interessantes o suficiente para fazer o jogador dedicar a mesma quantidade de tempo que ele dedicaria a jogos como Chain Chronicle ao jogo educativo.


Já pensou se você tivesse um jogo educativo divertido o suficiente para lhe fazer passar horas jogando? Jogos educativos normalmente falham em uma das duas vertentes: educação ou diversão. A ideia do jogo educativo é ter um passatempo que faz você aprender sem lhe cansar ou desmotivar. Jogos como o saudoso Carmem Sandiego, conseguiram alcançar esse equilíbrio com grande maestria. Hoje em dia, casos como esse continuam raros. Gostaria de sugerir, para o interessado desbravador, uma conferida no jogo Influent, no qual você pode aprender idiomas.

Ele estava a $1 no último HumbleBundle. Quem comprou, fez um ótimo negócio!

Bem, é isso. Deseja fazer um game educativo? Procure não esquecer que um game educativo é, antes de tudo, um game. E games que não são divertidos, ficam na estante.