Esse que vos fala não mais figura entre os pobres mortais dependentes de transporte público e mendicância de carona. Esse que vos fala agora é um pobre mortal motorizado!
Ehhhhh!
Depois de muita luta, finalmente consegui comprar meu carro. Insensível ao terrível garoto propaganda da Jac, fui na recentemente aberta concessionária Jac Motors aqui de Fortaleza fazer minha negociação. Negociei com a vendedora, andei no carro, dei uma entrada de 12 reais (sim, comprei o carro com uma entrada de 12 reais!) e pronto, o carro já estava reservado para mim. Paguei o resto com o consórcio e agora é só alegria (até o momento)! Entretanto, gostaria de compartilhar com vocês um pouco da minha peregrinação até comprar o Mercutio (o nome do carro).
Pelas Concessionárias
Andei em muitas concessionárias antes de escolher meu carro, fiz pesquisa por telefone, fiz pesquisa em outros estados, olhei como anda a desvalorização dos automóveis, etc. Pude ver o valor de uma boa negociação, de conversar com proprietários e de conhecer os acessórios disponíveis para cada carango. Como este é meu primeiro carro, muita coisa eu tive que perguntar e pesquisar por conta própria, e mesmo assim ainda cometi alguns errinhos que vou compartilhar aqui. Vejamos como foi minha peregrinação.
O que eu queria.
Como o pobre estudante universitário que sou, não tinha grana para um carro novo e os juros de financiamento me deram muito medo (de 50 a 100% de juros sobre o valor total do empréstimo!!!), então parti para o consórcio.
Para quem não conhece, o consórcio é uma modalidade de financiamento onde você paga uma quantia todo mês para um administrador de consórcio (ex: um banco) e todo mês alguém é sorteado para receber uma carta de crédito. Com essa carta, você pode comprar o carro que deseja. O grande lance aqui é que você não paga juros, mas sim uma taxa de administração, bem mais barata que juros de financiamento. A grande pegadinha é que você só recebe o carro quando for contemplado por sorteio ou por lance (explico já).
Em todo caso, pesquisei alguns preços de consórcio e pude ver a importância de pesquisar. Entre bancos diferentes, houve variação de mais de 5% no valor da taxa de administração. Consegui uma taxa de administração de 12% com um tal banco de bandeira vermelha (que eu só divulgo aqui se receber um toco!). No terceiro mês dei um lance (lances são quantias que você oferta para receber uma carta de crédito sem precisar ser sorteado. Quem dá o maior lance, leva a carta por lance) vencedor e fui atrás de comprar o carro.
Antes de comprar o carro, estipulei algumas metas:
- O carro tem que ser econômico para sua categoria
- O carro não pode ser muito grande
- O carro não pode ser muito caro
- O carro tem que ter air bag e abs (segurança!)
- O carro tem que ser agradável de dirigir (pretendo ficar com o carro até ele quebrar)
- O seguro do carro tem que ser pagável
Minha primeira opção
Minha primeira opção foi, obviamente, comprar um carro usado. Pesquisei em algumas revendedoras e achei preços e carros até legais, mas havia sempre o fantasma de se arriscar com carro desconhecido. Um Honda Fit com 3 aninhos e 30mil km quase me ganha, mas foi vencido pela dúvida. Nessa busca, encontrei alguns preços absurdos, algumas revendedoras que vendiam o carro sujo, carros quase quebrados sendo vendidos e encontrei até vendedor honesto.
Em todo caso, acabou que decidi procurar carro novo. E lá vamos nós...
Chevrolet
A Chevrolet estava com uma promoção legal, "Compre seu carro com preços de 2007", cheia de propaganda e tudo. Me animou. Fui ver o carro. Na concessionária que fui, achei engraçado que os vendedores eram bem alternativos. Com alargador de orelha, tatuados, achei engraçado. Teve até uma vendedora meio desleixada que quase machuca minha namorada com uma porta, mas aí são outros 500. Pois bem, meu vendedor tatuado e com alargador me falou do carro, disse o que tinha, o que não tinha, e me levou para o test drive de um Celta.
De cara, o carro do test drive estava sem gasolina. Ele foi pegar outro. No novo carro, fiz algumas perguntas, umas ele soube responder, outras não e pronto, fui dirigir. O motor do carrinho é bem bom, subiu a rampinha lá brincando, e responde bem. De resto, sem luxos. Nada de abs, air bag, computador de bordo, volante regulável, nada de nada. É um carro pelado, que anda e pronto. Ele me passou o preço de 28mil, com 4portas, vidro, ar e direção. Eu pensei: "Pôh, 28mil é muito para um carro pelado, sem falar que ano que vem, air bag vai ser exigido em todos os carros e em 2014 abs vai ser exigido. Vou perder muita grana na revenda se comprar esse carango." Dei uma olhada por cima no corsa, que é, basicamente, um celta grande e fim da vistoria.
Chery
Na Chery eu não cheguei a ir, foi só por telefone. Me deram o preço do carro, informaram que são 30 dias para entregar, chamaram para um test drive, etc. Bem cordiais. O apelo do preço baixo (que logo aumentou...) do QQ foi muito grande para mim. Carro completo por R$ 22,990 era algo a se pensar. No fim, acabei não indo ver o carro pois vi muitas reclamações de donos de
QQ e o
Face não me atrai em nada.
Fiat
Aqui o negócio foi mais sério. Na concessionária que fui perto de um shopping mais simples, do bairro de Fátima, fui muito bem atendido por um vendedor homem de lá (na outra vez que fui atendido por uma mulher, loira, fui muito mal atendido). Pedi para ver o Uno e o Fiat 500 . O Uno, novo e velho, não me impressionaram. O velho é quase uma lata de sardinha que anda. Sem qualquer conforto. O novo Uno já é mais garboso, mas ele parece que sofre de alguns probleminhas, sem falar que o design e dirigibilidade não me agradam.
O 500 já é outro caso. Carrinho bonito por fora e por dentro, cheio de detalhes, achei bem legal. A senhorita Lobina (namorada deste que vos escreve) ficou encantada. Pude notar que ele agrada muito mulheres (carro de mulher, coff coff). O cara me ofereceu por 37mil, preço estava bom, entretanto, alguns detalhes do carro me fizeram recusá-lo. A marcha fica em uma posição meio longe, que requer o uso de um encosto, muitos donos reclamam que o carro é todo frouxo, ele consome muito (alguns donos disseram) e no banco de trás só cabe um cachorro de tão pouco espaço que é. Seria legal ter um carrinho "mini" para fazer pequenas incursões na cidade, contudo, um carrinho "mini" de 37mil reais, que não vai servir para transportar amigos, família nem para viagem, fica complicado. Acho que o preço é um dos grandes pecados do Fiat 500.
Na concessionária que fui perto de um shopping famoso daqui, eu fiquei bastante chateado. Fui olhar o novo Pálio. A vendedora me disse logo que não tinha em estoque para eu ver (eu tinha acabado de ver um no pátio) e quando perguntei o preço, ela falou que o preço inicial era 34mil e uns quebrados, não negociável. Eu perguntei por que não era negociável e ela disse que nesse preço continuava vendendo e que por isso não precisava negociar. Murro no estômago, não é? Bem, a Fiat morreu para mim ali mesmo.
Nissan
Fui na única concessionária Nissan perto de onde moro ver o tão falado Nissan March. A Nissan está investindo muito neste carro. Na segunda vez que fui nessa concessionária, eles estavam com uma promoção muito boa: 1.6 a preço de 1.0. Agora, a promoção é desconto de 1 mil reais.
Quanto ao carro, é confortável, cheio de acessórios, econômico (os donos juram de pés juntos) e bom de dirigir. Como contras, eu apontaria a falta do abs. Fiquei encantado, isso até fazer uma cotação de seguro dele com o Bradesco e receber o valor de R$ 3,600 de seguro. Nesse momento, o carro morreu para mim.
A vendedora da loja também ajudou a me deixar chateado quando me disse que se eu quisesse rodas de liga leve, cada uma custava 2mil reais. Brincadeira, não é? No site da Nissan, eles informam que o preço do conjunto de rodas é R$ 900.
Jac
Por fim, fui na Jac ver o
J3, que estava participando do
teste dos 100 dias e estava se saindo bem. A vendedora Gésica foi super atenciosa, disposta a conversar e falar sobre o carro, chamou o gerente Eduardo em dois tempos, que foi super solícito, respondeu minhas dúvidas, etc. No teste drive, tive as seguintes impressões:
- O carro é muito bom de dirigir (chego a compará-lo a um Honda Fit)
- O ar-condicionado do carro de testes estava bem fraco, a vendedora me disse que devia carecer de manutenção. Peguei meu carro hoje e, realmente, o ar-condicionado dele é bem forte. Você até esquece que está no Ceará.
- O carro é alto, dá uma visibilidade boa.
- O volante ajusta a altura, o que é muito cômodo.
- O freio e acelerador respondem bem. Achei o carro potente.
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Eu quero...
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Algumas coisas que senti falta:
- Luz interna no bagageiro
- Ajuste de altura do banco do passageiro
- Banco traseiro removível
- Computador de bordo
- Opção de trocar o cinzeiro por um porta-moedas ou algo minimamente útil!
Em fim, gostei muito do carro, negociei e fechei negócio.
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O Mercutio =D |
Aqui vão algumas dicas para quem vai comprar o J3:
- A revisão do carro é de 5mil em 5mil km, ou por tempo. A primeira revisão, é em 2.5mil km ou em 3 meses, o que vier primeiro. Estou achando difícil seguir as revisões, mas acho que consigo.
- O protetor de carter para o J3 só serve para quem anda muito em zona rural, porque o carro já vem com um protetor simples de fábrica, sem falar que é alto e aguenta buraqueira muito bem.
- O fumê deles é de várias intensidades, você pode pedir o fumê tanto mais escuro como mais claro.
- Quando forem fazer a revisão de entrega do seu J3, peça para revisarem o cabo que fica por trás da grade do capô. Sério.
Fiquei um pouco triste com minha compra porque minha vendedora não me informou que o carro já vinha com uma proteção do motor de fábrica e que o protetor de cárter não seria útil para mim (acabei pegando o carro sem o fumê). Fora isso, estou muito satisfeito com o carro. Completo, confortável, seguro e potente.
[edit: 09/04/2012]
O que você precisa saber antes de comprar seu J3
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Atenção turma! |
Antes de comprar seu J3, eis alguns detalhes que pode ser interessante você saber:
- A garantia do seu carro passa a contar a partir do dia do fechamento do negócio, não é a data da entrega. No meu caso, só recebi o carro 20 dias após faturado e quase 30 dias após o fechamento do contrato. Ou seja, daqui a 2 meses já vou ter que fazer a revisão, o que é bastante chato.
- A tolerância para revisão por tempo é de 30 dias, para mais ou para menos, e a tolerância para quilometragem é de 1000km para mais ou para menos (exceto a primeira revisão, que é de 500km para quilometragem).
- A garantia exige revisões por tempo OU quilometragem. Perdeu uma revisão, perdeu a garantia.
- Mesmo que o cara da concessionária tenha dito que seu carro está todo revisado, não custa nada dar uma boa olhada nele antes de receber. Checar pneus (devem estar com 32lb), checar se não tem nada frouxo, olhar se o motor está limpo, checar a pintura, etc.
- Em Fortaleza, até o presente momento, os carros do estoque ficam debaixo do sol, protegidos por uma película protetora grudada na pintura (não é uma capa). Dessa forma, é bom dar uma checada atenta na pintura por danos devido ao sol antes de receber.
- Como o carro vem da China, de navio, na entrega, é uma boa olhar o estado do escapamento e outras partes de metal, que podem ter pontos de ferrugem.
- O motor do carro é bem potente, mas não é forte em baixas rotações. Isso quer dizer que ele pega velocidade bem, mas em primeira e segunda, você pode ter alguma dificuldade para obter força do motor, sendo necessário reaprender a dosar o pé para tirar o máximo dele. Não espere tanto da primeira e segunda marchas. O estacionamento do North Shopping, por exemplo, só pode ser vencido de primeira.
- Se for colocar banco de couro, verifique se o couro não encosta na alavanca do banco quando você a puxa, estando sentado no banco.
Quem não quiser perder dinheiro na revenda deve comprar um carro com air-bags e abs, e o J3 é completão. Mesmo com alguns probleminhas, a compra ainda está valendo.
Abraços!
ps: Fiat e companhia que se cuidem. Tiveram tempo de sobra para se modernizar no país e oferecer produtos melhores e mais baratos. Agora aguentem a competição.
pss: Comentem =D